Bill Gates chega mais cedo em casa e encontra a sua esposa no sofá, assistindo TV. Ela lhe diz:

– Mais cedo em casa hoje, honey? Não era dia de ir ao tribunal pra mais uma sessão no processo anti-truste?
– É na quinta que vem. Hoje é o nosso jantar com o presidente, lembra?
– Tem certeza? Hoje? Não é amanhã?
– Amanhã é com o outro, o antigo, meu xará.
– Ah, mas justo hoje? É dia de ?Friends? na TV daqui a pouco. Não perco um! E Você sabe que eu não suporte aquele texano: sempre olha pro meu decote de um jeito estranho.
– Texano sempre olha estranho, darling. Vá, se arrume e vamos. Esses sulistas jantam cedo.
– Não vou, não perco ?Friends? de jeito nenhum.
– É importante. Vá por mim, please.
– Primeiro “Friends”.
– Você assiste na volta.
– Não passa de novo.
– Eu ponho pra gravar. Agora, go quick.
– Ok, mas só se você me garantir que vai gravar tudo.
– Vai gravar sim, afinal eu mesmo quem vou programar o vídeo-cassete!
– Oh god, Esse era o meu medo.

A esposa comenta essa última frase com um riso de canto, levanta do sofá e se dirige para o quarto. Bill vai até o armário, pega uma fita de vídeo e tenta inutilmente fazer o aparelho de vídeo-cassete funcionar. Aperta vários botões, barulhos saem da máquina. Nessa hora o ator enfatiza a total ignorância de Bill com maquinários modernos, e ele pode dar soco no vídeo, colocar a vida ao contrário, etc.

A câmera focaliza um relógio na sala, fecha nele e mostra uma hora mais tarde. Quando abre de novo, a esposa está toda arrumada no sofá, braços e pernas cruzadas e cara de emburrada. Bill continua na mesma, ainda sem sucesso.

– Cadê o botão ?Iniciar? disso aqui? Só achei até agora ?Power?, que mané “Power” o quê! Eu aperto e ele nem pergunta ?Tem certeza que você quer mesmo ligar o vídeo cassete??. E esses números piscando, com hora e data? Que coisa antiquada, nem barra de status tem!
– Admite Bibi, se a coisa não tiver mouse, você não sabe mexer. Eu já descobri essa característica sua desde a lua de mel. Ainda tive que te mostrar que, como na época dos meus avós, é com joystick tipo Atari que se faz bem as coisas.
– Passado my love. Agora eu te buto e rebuto quando quiser. Olhe, não consigo fazer isso funcionar, parece até um de meus programas. Você assiste a reprise, certo?
– No way! Ou grava ou não saio de casa.
– Ok, ok, você venceu.

Ele tira o celular do bolso, liga e diz:

– Bush? How are you, man? E o nosso rango? Sobre isso que eu queria falar. Não vou poder comparecer. Tive um problema de última hora com um maquinário pesado aqui (nessa hora ele agarra as suas partes baixas de um jeito porco, olha pra mulher e faz cara de safado). Isso, pau de hardware. Coisa séria. Demora pra arrumar. Foi mal, viu? Ok, ok. Bye.

Desliga o fone e diz pra mulher:

– Viu o que eu não faço por você, sweetheart?
– Meu Billzinho!
– Ah, só mais uma coisa!

– Pega de novo o celular e liga de novo:

– John? É o Bill! Você já ouviu falar numa tal de… hummm…. deixa eu lembrar o nome (vai até o vídeo-casste e lê a marca) Sôni, Sóny? Isso, Sony! É americana? Ah, é Japonesa. Mesma merda. Custa quanto? Bah, dinheiro de pinga. Compra tudo. Isso, pode comprar tudo. E avisa que, a partir de agora, só vai sair video-cassete com Windows de fábrica!